



Muito Bom.
Como aconteceu com muita gente e comigo, a versão sueca de Os Homens que Não Amavam as Mulheres de 2010 funcionou. O filme, que é uma adaptação do primeiro livro da série best-seller Millennium, se mostrou como um filme de investigação policial fora de série. Como já aconteceu muitas vezes, quando um filme que não é americano faz sucesso, os americanos fazem um remake. Quando a produção americana foi confirmada, fiquei com o pé atrás. Todos sabem como é difícil um remake ser tão bom quanto o original, principalmente quando há um curtíssimo intervalo de tempo entre os dois. Mas as minhas expectativas se transformaram em algo totalmente positivo quando soube que David Fincher era o diretor. Fincher, que é um dos melhores diretores da atualidade, e que já trouxe clássicos para o cinema, como Clube da Luta, Seven e A Rede Social, provavelmente faria um bom trabalho, ainda com um bom material para se basear. E conseguiu.. Para quem não conhece a sinopse do filme, vale dar uma lida, apesar de talvez ser ainda melhor entrar na sala de cinema sem saber um detalhe da história. O filme começa com Mikael Bomkvist, jornalista da revista Millennium que está passando por sérios problemas judiciais, acusado de difamação. Nesse mesmo tempo, ele aceita trabalhar para Henrik Vanger. Vanger deseja que Mikael investigue a morte de sua sobrinha, que ocorreu há 40 anos atrás, ao mesmo tempo em que faz uma biografia de sua vida. Mikael acaba aceitando o trabalho, e para ajudá-lo na investigação, ele contrata Libesth, um moça extremamente excêntrica, mas brilhante no que faz.
. O filme sueco e esse americano são bastante parecidos. Algumas cenas são facilmente identificáveis, e o decorrer da história é totalmente similar. Logo, é facil de perceber que David Fincher não quis alterar história, nem as boas cenas que estavam presentes no filme de 2010. Mas o que Fincher muda é o modo de tratar a história, o modo de tratar a trama, e principalmente, o modo de tratar os personagens. No filme sueco, por mais que a história fosse pesada, e houvesse cenas fortes de violência, sexo e estupro (essas cenas continuam presentes nesse novo), a história era tratada com mais leveza e menos crueldade do que esse novo. David Fincher constrói uma história mais crua, menos sensível, com bem menos carga dramática, ou menos proximidade do espectador. Tanto que é grande a diferença entre a Lisbeth de Noomi Rapace e a Lisbeth de Rooney Mara. A de Rapace tinha um olhar mais apaixonado, não era tão excêntrica, tão afastada. A de Rooney Mara é totalmente afastada, traumatizada, distante. Rooney Mara traz um olhar bem mais infeliz e frio do que o olhar que Rapace trouxe. A proximidade entre Lisbeth e Mikael foi bem mais lenta e simpatizante no de 2010 do que nesse novo. Aqui, há espaço para romance entre os dois, mas Lisbeth se lembra do quanto já sofreu nas mãos de um homem. Esse é um exemplo do maior calculismo que Fincher traz para o filme.
. E mesmo assim, o diretor constrói o filme com firmeza. Os enquadramentos são inteligentes, acompanhados de uma ótima fotografia, que combina muito bem com o estilo do filme. A parte sonora também merece aplausos. A trilha sonora, mesmo que não chame muito a atenção, complementa bastante o filme, seguida de efeitos sonoros muito bons.
. As atuações são ótimas. Daniel Craig interpreta muito bem o jornalista Mikael, e Christopher Plummer está excelente como o veterano da família Vanger. Mas quem rouba a cena é Rooney Mara. Como já dito, a atriz traz uma Lisbeth bem mais fria e distante, e a atriz não perde a pose em nenhuma cena interpretando tal personagem. Felizmente, ela tem do seu lado o roteiro do filme, que preferiu dar mais ênfase em Lisbeth do que no filme sueco. A última cena é uma clara e excelente demonstração do que a personagem realmente sente, e de que ela é o principal assunto de todos os 158 minutos de projeção. Os dois filmes são muito parecidos, mas as histórias são vistas de duas formas diferentes.O filme de David Fincher é crú, mais seco e menos emotivo do que o de 2010, mas não por isso pior.
Muito bom!!
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